sexta-feira, 7 de março de 2008

... a brincar... com retratos.

Estava cheia a loja. Encostei-me a uma coluna e fui observando as pessoas. Era curiosa a forma como cada um olhava para as máscaras. Por momentos, perdia-se a noção de quem olhava quem. Naquele movimento, apercebi-me do olhar daquela menina que me sorria timidamente. Ao seu lado, o avô, bonacheirão, fingia-se distraído, permitindo que a neta conversasse com aquelas máscaras que convidavam à contemplação. Ao lado, o irmão, estranhamente vestido, procurava algo. O segurança da loja, sempre sisudo, cumpria a sua difícil tarefa, evitar que algum objecto fosse inadvertidamente retirado do seu local. “A seguir?” Era a minha vez. Caminhei para o balcão. Toquei, sem querer, aquele avô que orgulhosamente agarrava a mão da neta. “É o sorriso mais lindo do mundo, não é?” pareceu-me ouvi-lo dizer. E saíram.
Terminei esse dia no Bairro Alto, entre vozes dolentes e guitarras que choravam naufrágios distantes. Há dias assim. Plenos. Porque há sorrisos que nos marcam.
Não é?

Paulo Martins

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