sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Modulo I / fotografia de autor

Pedro Leitão
Ana Nunes

artist statment

A forma como interpretamos e interagimos com o que nos rodeia, através do que nos é passado e do que tomamos como certo através da experiência adquirida, projecta o que realmente somos.
O posicionamento cronológico, mostra algo que é imutável e igual para todos, dependendo desse posicionamento há sempre duas verdades, que anulam a individualidade e a transformam numa simples definição.
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Como viveram muito e foram muitas vezes enganados pelos outros e por si pensam que nada sabem, duvidam, dizem sempre talvez. Têm mau humor, pois vêem as coisas do pior prisma; são desconfiados por incredulidade e incrédulos por experiência. Amam pouco e não sentem ódio por nada; cumprem o preceito de Bias; amando como se viessem a odiar e odiando como se viessem a amar. São pusilânimes, por terem sido humilhados pela vida; não desejam nada de grande; desejam, sim, o que é útil. Não são generosos, pois a propriedade é necessária e eles sabem que difícil adquirir e fácil perder. Receosos, assustam-se com tudo; porque têm tendências opostas às dos jovens, são frios quando aqueles são ardentes; assim a idade abre-se-lhes ao receio, que é afinal, falta de entusiasmo. Amam a vida e sobretudo o último dia, porque se deseja sempre o que se não tem. Demasiado egoístas, o que é também pusilanimidade, vivem mais para o interesse que para o belo; com efeito, interesse é o que é bom para si próprio e o belo é simplesmente bom. Não se envergonham de nada que façam, pois não crêem que o belo tenha o valor do útil, e desprezam completamente as aparências. Têm pouca esperança, pois têm experiência: com efeito, a maioria dos acontecimentos são aborrecidos. Têm medo, vivem mais da lembrança que da esperança, pois o tempo que lhes resta para viver é breve e o passado é longo; por isso contam vezes sem fim o que lhes aconteceu na vida, repetindo as coisas. As suas cóleras são grandes mas sem força, porque as suas paixões são agora fracas; não é a paixão que os move mas o interesse. E parecem assim moderados, com as paixões dominadas pelo interesse. Guiam-se mais pelo raciocínio que pelo sentimento, porque o pensamento relaciona-se com o que é útil e o sentimento com as virtudes. Se por ventura são injustos, são-no intencionalmente. As pessoas de idade sentem por vezes piedade, mas não pelas mesmas razoes que os jovens; estes sentem-na por amor aos homens; aqueles por fraqueza; pensam que esse mal os vai tocar também e têm pena então. Também são queixosos e sem alegria: lamurias e contentamentos opõem-se. É assim o carácter dos velhos.
"Teofrasto – a retórica sobre os velhos"

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